- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples : só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa...
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de.
O Pequeno PríncipeEu lembro da minha mãe lendo isso para mim, eu devia ter uns 7 anos... depois desse primeiro encontro seguiram-se vários... com espaços significativos de tempo... A verdade é que nunca deixará de tocar a alma... A cada leitura uma nova atribuição de sentido, novas sensações... Pequeno Príncipe não é (só) para crianças, aliás, certas coisas só o tempo desvela.