sábado, 23 de maio de 2009

40 e poucos anos

O medo de envelhecer é ponto crucial em se tratando de suas escolhas tortuosas. Ela precisa sentir-se viva e, para isso, busca paixão em braços da juventude. Ela quer a juventude alegórica: destemida, cáustica, entusiasta, intensa. Ela quer o direito de (re)começar. No entanto, não se recomeça uma vida, a solução é continuar. Não há como se evadir do tempo: o que foi, o que é e o que será. Imatura malgrado os anos vividos, não aprendeu que com sentimentos não se brinca. Não aprendeu o imprescindível: o ardor não habita o corpo, mas a essência. Ela nunca vai, de fato, incendiar-se, embora saiba incinerar sonhos. As cinzas estão espalhadas... Ou melhor, as cinzas estão ocultas sob um soberbo tapete ou um cofre dentro do armário. Armário? Ela nunca sairá do seu.


quarta-feira, 6 de maio de 2009

E quem brinca com fogo...

Diverte
Diverte-se
Inflama, abrasa
e abraça...
Merece
não ter morna existência
Carece de juízo,
por isso
excede os limites...

Não tem certezas -
proeza de quem leva uma vida
tranquila e jamais questiona
ou oscila –
Não quer certezas:
quer o mundo
infinito, profundo e absurdo...
E uma dose de tristeza

Convite às distrações,
perturbações
e contradições
Penitência pelos crimes
da urgência,
indolência e
demência.

Parece
que tudo tem que estar “no lugar”...
Acontece:
Lugar correto,
Sujeito correto,
Momento tortuoso.