terça-feira, 28 de abril de 2009

Setembro passado

Sinto falta de sensações que não sei exatamente. Sinto falta da atmosfera fria e acolhedora, ilusão de liberdade, eu comigo mesma "perdida numa noite suja". A sujeira está nos homens, não nas ruas.
Este vazio é quase um afago. Quero caminhar naquela avenida novamente. Quero sentir o prazer da noite glacial que queima a alma, anseio pelo deleite das sutis distrações. Vontade de gritar e experimentar todas as sensações do mundo ao mesmo tempo.
Ah, o prazer hedonista...
O que desejo? O efêmero que fica eternamente impresso na memória: tenho alguns "efêmeros" na minha coleção.
Não preciso de fotos: os fatos falam por si só. Prefiro não ter fotos, só assim eu construo, a cada vez, uma mesma imagem diferente... Com um fundo musical, um sabor, um cheiro (e uso "cheiro" porque o conceito de "perfume" é demasiado restrito)
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a memória guarda todas as impressões, todos os sentimentos.


"Hay recuerdos que no voy a borrar
personas que no voy a olvidar
hay aromas que me quiero llevar
silencios que prefiero callar..."
(Fito Paez)

sábado, 25 de abril de 2009

“Onde está o amor?”

Eu quero ser feliz hoje, com pessoas que sejam felizes hoje.
Não há prazer, não há amor: “A vida não tem mais sentido, o vinho não tem mais sabor”.
Não há brilho nos olhos, não há ardor: “Quando eu terminar o curso, quando eu encontrar alguém e constituir uma família, eu vou...”
Não há empolgação no aqui e agora, não há espontaneidade: “Eu serei feliz amanhã!”.

O amanhã não existe: é uma ilusão temporal, uma utopia; não é mais que uma projeção “feliz” do hoje frustrado, frustrante e morno... E é tão difícil de (fazer) enxergar. O amanhã não existe simplesmente porque a dificuldade de agregar (e depreender) beleza do aparentemente banal e momentâneo faz com que a satisfação seja relegada e protelada a cada hoje vivido.

“Onde está o amor?”

Certamente é mais fácil acomodar-se em ilusões, mas, no final das contas, esse caminho só leva a lugares de baixa ou nenhuma relevância. Lutando fortemente contra o comodismo, eu continuarei buscando o amor (pela vida) no aqui e agora.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vivo em crise. E vago pelas ruas do meu porto alegre

“Quando tu estiveres prestes a morrer, toda a tua vida passará diante de teus olhos como em um grande flashback”.

Não comigo, não agora. Não, não deve ser a morte, não seria natural se assim fosse. Definitivamente não agora. Mas aquelas duas cenas insistem em voltar, cenas distintas, combinadas de modo a provocar um misto de dor e prazer. Não dá. Não dá para separar a dor do prazer e entenda dor como medo ou culpa, nunca como arrependimento.
Eu gosto mesmo é de errar por aí e sentir os perfumes confusos, os sabores excêntricos , as cores indefinidas, os sons/silêncios ensurdecedores e o toque penetrante da rua, das ruas em movimento.
As duas cenas voltam: uma delas foi, uma nunca será... Talvez por isso possam se fundir em perfeita harmonia: os olhos dele me abraçaram desde o princípio; os meus olhos jamais tornarão a abraçá-la...
E eu continuo a errar, meus sentidos se comprazem e amo o que vejo; amo, sobretudo, a liberdade de estar acompanhada somente da recordação. Há sim, sempre haverá prazer na dor, nem que ele só possa ser sentido no final do tal processo de aprendizagem. “Quando é que refletimos ? Nos momentos de crise, afinal, não há porque (querer) mudar o que está bom”.
Vivo em crise. E vago pelas ruas do meu porto alegre.