sábado, 11 de setembro de 2010

Do excesso e da exposição espontânea e instantânea

Mais do que nunca, o excesso de exposição ganha espaço em, no mínimo, três sites de relacionamento difundidos mundialmente: o facebook, o orkut e o twitter. Todo mundo sabe da vida de todo mundo em todo o mundo.
O facebook, o “menos pior” de todos, serve para a exposição entre “amigos”; é uma versão mais light de compartilhar soluços, aquisições, divagações, titulações, etc, embora possa ser usado como o orkut, no qual alguns fornecem todos os seus dados sem nenhuma restrição de acesso e, como se não bastasse, recheiam de fotos mostrando os momentos mais diversos e curiosos possíveis. Claro que estas fotos devem mostrar o quanto a pessoa é “feliz” e, para tanto, as que servem melhor para este objetivo são aquelas “na balada” dos sorrisos forjados e dos copos de cerveja (ou taças de vinho, vá saber). Ah, a legenda tem que reforçar esta ‘felicidade’ compartilhada, claro.
O terceiro dos sites de relacionamento e o pior de todos é, sem dúvida, o twitter. Nele, as pessoas dividem com seus “seguidores” situações da vida que vão das mais banais, como “acordei e é um lindo dia”, “to indo almoçar” ou “to saindo agora para o cinema”, até as mais sérias, como “fui demitido”, “meu ex-marido é um cafajeste” ou “luto”. O twitter é a página na qual milhares de vozes, cada uma correspondendo a um “eu-solitário”, gritam “Olha pra mim! Eu to aqui!”. Certo que nem todo mundo faz uso excessivo do twitter, entretanto outros parecem tomá-lo como treinamento para empreendimentos maiores, afinal, o percurso que vai do twitter ao Big Brother não é tão grande assim, a diferença é que neste os protagonistas da exposição espontânea e instantânea recebem dinheiro para compartilhar seu acordar, seu dormir e entre um e outro tudo que se pode fazer (ou não) em uma jornada.
Tenho perfil no facebook e no orkut, mas tento fazer o melhor uso possível deles, não fornecendo informações valiosas e, tampouco, tentando parecer ser quem não sou. O twitter? Ah, não, isto já é demais; contento-me em espiar, quando não tenho absolutamente nada melhor para fazer, o quão tolas e solitárias podem ser algumas pessoas... E elas vão perdendo a graça brusca ou paulatinamente.
Em um tempo em que há câmeras nos banheiros, nas ruas, nas salas de aula e a autoexposição é meio de autopromoção, competição e poder, devo mesmo ser um tanto anacrônica ao querer zelar por alguns segredos e o mínimo de privacidade.

3 comentários:

  1. Muito bem dito sobre orkut e facebook. Mas acho que tu exageras um pouco da forma como fala do twitter. É certo que em todas as redes sociais estão presentes todos os níveis de pessoas e daí sub-níveis de exposição das mesmas. O twitter não é diferente...mas é uma rede social rápida, de pensamentos e idéias rápidas e acho que o mais importante, informações. Aí pode ser informações sobre a vida pessoal ou de questões relacionadas ao mundo afora. O twitter além de uma rede social, é hoje uma fonte de informação(não apenas de quem vc segue) respeitado pela velha mídia e usado como fonte pela mesma.

    ResponderExcluir
  2. Não pego pesado com o twitter em si, mas com o que considero mal uso dele: questão de ponto-de-vista.
    Quanto à ideia rápida, de fato, 140 caracteres é um espaço bem resumido. Aí vejo mais um problema: informação, a meu ver, tem que ser desenvolvida; argumento, rico... Não, em 140 caracteres não dá.

    ResponderExcluir
  3. Oi!!
    Sempre associei estas redes sociais à açougues, e as pessoas que as utilizam às carnes: expostas à todos. Certo, não é uma grande analogia, mas sempre me vem à cabeça esta imagem.
    Relutei muito a participar destas. E fui apontado como retrógrado, inclusive. Porém não podemos virar as costas para a nossa realidade. Concordo com os comentários: as ferramentas são úteis, se bem manejadas, e por pessoas hábeis. Mas, como vivemos em uma sociedade imagética, a exposição, mesmo que patética, é o que há de mais almejado. Santa carência!!
    Quanto ao Twitter, especificamente, identifico uma contradição: é uma ferramenta que pretende anunciar, em tempo integral, o cotidiano do usuário. O problema é que não temos novidades a cada minuto para compartilhar, e daí vemos este festival de banalidades. E, mesmo que quiséssemos, não seria possível, pois passamos o dia inteiro em frente ao PC para alimentá-lo. Como criar fatos novos assim?

    ResponderExcluir